Segundo ato - Cena 1 - O arrombamento das águas e a barca de Eros


Os atributos da vida foram, em determinada ocasião, evocados na matéria inanimada pela ação de uma força de cuja natureza não podemos formar concepção. Pode ter sido um processo de tipo semelhante ao que posteriormente provocou o desenvolvimento da consciência num estrato particular da matéria viva. A tensão que então surgiu no que até aí fora uma substância inanimada, se esforçou por neutralizar-se e, dessa maneira, surgiu o primeiro instinto [pulsão]: o instinto [pulsão] de retornar ao estado inanimado. Naquela época, era ainda coisa fácil a uma substância viva morrer; o curso de sua vida era provavelmente breve, determinando-se sua direção pela estrutura química da jovem vida. Assim, por longo tempo talvez, a substância viva esteve sendo constantemente criada de novo e morrendo facilmente, até que influências externas se alteraram de maneira a obrigar a substância ainda sobrevivente a divergir mais amplamente de seu original curso de vida e a efetuar détours mais complicados antes de atingir seu objetivo de morte. Esses tortuosos caminhos para a morte, fielmente seguidos pelos instintos [pulsões] de conservação, nos apresentariam hoje, portanto, o quadro dos fenômenos da vida. Se sustentarmos firmemente a natureza exclusivamente conservadora dos instintos [pulsões], não podemos chegar a nenhuma outra noção quanto à origem e ao objetivo da vida. (FREUD, 1976, v. XVIII, 56)


Cena de abertura do segundo ato: uma fieira de canoas, cabeças, vozerio e movimentos ritmados de remos rompendo resolutos a reluzente água de um rio: linha incisiva sobre o prateado; eco[1] do tombar vermelho de um sol.
O conto começa pelo início do fim, quando o protagonista Hetério rege canoas rumo à Fazenda-do-Calcanhar para resgatar a mulher de seu empregado Normão, que o próprio pai da moça fez de refém.
Entre os parágrafos que descrevem as cenas finais[2] encontramos a estória de Hetério a partir do momento em que ele entra numa canoa e passa a comandar uma frota delas.
O início da atividade de barqueiro de nosso protagonista se dá a partir de uma enchente que delimita dois modos de sua existência. Antes da inundação Hetério nos é apresentado como um homem de família, comum e desconhecido, tendo “o para não ser célebre” [3] (ROSA, 1979, p. 38) [4], como o Jó Joaquim do “Desenredo”, “só no fastio de viver, sem hálito nem bafo” (p. 24).
Ao território “feito mar” a partir de “chuvas e trombas” (p. 24) Hetério reage agrupando e comandando canoas e igariteiros, desempenhando uma heróica atividade de resgate. Porém, sua moeda da glória apresenta o outro lado quando, de volta para sua casa, que não encontra por ter sido tragada pela correnteza, se vê impossibilitado de reverter a ação das águas diluvianas que carregaram para o oco do mundo os corpos de suas mulher e filhas.
Hetério reage à insurgência desse e dos demais eventos em sua existência com atitudes e vicissitudes de caráter. No fastio com a vida sem brisa nem viração[5], a inundação se lhe apresenta como uma oportunidade, um bafo para a viragem de sua atitude de Zé ninguém para a de herói. O evento da morte da esposa e das filhas imprime-lhe um novo compasso ao seu caráter: “Ébrio por dentro” (p. 24), ele sacode da cabeça a grande dor da perda e afirma o “perplexo existir” através da atividade de navegante, repetindo-a na diferença em quatro situações.
Na primeira, comandando seus filhos e outros moços, ele restabelece a comunicação entre as margens de um rio, antes interligadas por uma ponte que ruíra, transportando passageiros de um lado ao outro. Refeita a ponte, desvia-se rio acima na direção de onde habitava “uma mulher milagreira jejuadora” em prol de conduzir seus devotos. Com o sumiço da beata passa a mascatear com os ribeirinhos. A construção pública de uma usina o atrai, levando-o a firmar contrato de empreitada para desenvolver atividades de transporte sobre o “imenso lago” da represa.
Antes de apresentar a cena final, detenho-me em camadas de imagens contidas nesse tempo/atividade em flash-back do canoeiro Hetério, a saber: do fluxo das águas, das vicissitudes de seu caráter, dos rituais da vida envolvidos nas diversas ocupações que assume, bem como dos atributos relacionados a cada uma dessas diferentes repetições da atividade de barqueiro.
A vida de nosso herói é representada em três blocos delimitados por fenômenos pluviais ou fluviais. Sua existência é metaforizada na relação que estabelece com a correnteza da água, pela forma como se mantém em sua superfície, ou seja, por sua atitude de vogar.
O período anterior à grande enchente é aludido na frase única “Fora homem de família, merecedor de silêncio, só no fastio de viver, sem hálito nem bafo.” (p. 24) Esse “começo de seus caminhos” (p. 24) é revertido pelo evento diluviano que suscita dois fatos em sua estória pessoal: sua atuação empreendedora de organizar e comandar uma equipe de resgate dos desabrigados das chuvas, tornando-o um herói de ocasião[6] e fornecendo-lhe uma profissão, e sua impotência frente à morte e ao sumiço dos corpos de sua mulher e de suas filhas.
Cheguemos mais perto das duas palavras que buscam caracterizar seu estado de inapetência frente ao cotidiano, seu “fastio de viver” do tempo antecedente à cheia: os vocábulos “hálito” e “bafo”. Eles abrem um horizonte de calmaria sem viração, sem aragem[7], sem aconchego; de desalento, sem inspiração, sem bazófia[8], sem relação amorosa extraconjugal (uma das acepções do vocábulo “viração” é “caso”)[9]. O tédio da vida em família não conta estória. Ele prescreve um anonimato “merecedor de silêncio” (p. 24), podendo levar ao falecimento por inanição - “fastio” [10] (p. 24) -. Esse tédio beira as fronteiras da tendência do princípio de morte do aparelho psíquico, da calmaria descendente de energia.
A inundação que irrompe no desalentado existir de Hetério surge com um duplo e indecidível sentido de desgraça e benção, de morte e vida. Trata-se de um fluxo desestabilizador, como o da pulsão erótica[11] que ao elevar a energia no interior do aparelho psíquico solicita-o para que se oriente em prol de uma atuação voltada para satisfazer as pulsões eróticas, adiando a morte. Assim também a inundação sacode nosso herói, e ele a tristeza da cabeça, num gesto afirmativo da própria vida: “Sacudia, com a cabeça, o perplexo existir, de dó sem parar, em tanta maneira.” (24)
A leitura que proponho desse conto segue as vicissitudes do caráter de Hetério, cujas alterações vão sendo indicadas nas várias etapas de sua vida. Segundo o Aurélio, o vocábulo “caráter” (p. 24) [12] tanto indica o “conjunto dos traços particulares, o modo de ser de um indivíduo ou de um grupo; índole, natureza, temperamento” (FERREIRA, 1986, p. 348) como também a “forma que se dá à letra manuscrita ou ao tipo de imprensa” (Ibidem, p. 348). O caráter de Hetério é a incisão de uma escrita de fora e de dentro, indecidível, resultando de e/ou dando como resultado atividades encenadas, conforme o contexto em que se apresentam as oportunidades de repetir na diferença o ofício de barqueiro, profissão que lhe prorroga a vida velada pela morte[13] até o dispêndio final, momento que reservo para assistir como a cena última e única da estória.
Também em Freud “caráter” possui a conotação de incisão, conforme podemos observar na terceira parte de “O Ego e o id”. Nesse capítulo este autor desenvolve a formação no ego do “ideal do ego”. Segundo ele as catexias do objeto são tendências eróticas procedentes do id que se ligam a objetos, escapando ao controle do recalque. Essas catexias surgem como necessidades. Freud supõe que, posteriormente à fase oral primitiva do indivíduo, quando as catexias e a identificações do objeto são indistinguíveis, o ego, ainda fraco, dá-se conta delas e a elas se sujeita

ou tenta desviá-las pelo processo de repressão.

Quando acontece de uma pessoa ter de abandonar um objeto sexual, muito amiúde se segue uma alteração em seu ego que só pode ser descrita como instalação do objeto dentro do ego [... Este fenômeno] torna possível supor que o caráter do ego é um precipitado de catexias objetais abandonadas, e que ele contém a história dessas escolhas. [...] [Grifos nossos] (FREUD, 1976, v. XIX, p.43)

Assim como o caráter é um de fora desejado que se imprime no ego que o encena - devido à interdição de um recalque -, a aventura propiciada pelas chuvas diluvianas que instigam o nosso até então apático herói imprimem-lhe uma profissão que conforme as circunstâncias em que é desenvolvida solicita-lhe um caráter. Hetério segue afirmando a vida encenando-a, ele cuja qualidade é a de “velhaco” (p. 26) [14], conforme o Aurélio aquele “Que ludibria de propósito ou por má índole. [...] Que é traiçoeiro ou fraudulento; patife, ordinário. [...] Libertino, devasso, brejeiro. [...] (FERREIRA, 1986, p. 1760)
Sigo a cronologia da vida de Hetério procurando explicitar duas articulações observadas. Uma relaciona sua amorfa e enfastiada vida corriqueira com a pulsão de morte representada pela tendência do aparelho psíquico em baixar a energia que lhe percorre, até a desestruturação e o colapso do sistema. A outra vincula o abalo da enchente, que estimula a vida insossa de Hetério com a irrupção da energia erótica, demandando uma atuação do aparelho psíquico e desta forma adiando a morte. No caso de nosso herói “velhaco”, o fluxo das águas levou-o a afirmar sua existência através de mecanismos de criação da vida como um real tornado ficção ou uma ficção realizada. A indecidibilidade percorre essas questões que pulsam no conto e repetem a dubiedade observada tanto em “Antiperipléia” como em “Desenredo”.
Voltemos ao texto que percorro abrindo palavras e liberando o canto de acepções nelas contidas que, como na poesia Tecendo a manhã, de João Cabral de Melo Neto[15], vão sendo capturadas e reverberadas por significados contidos em outros vocábulos e assim urdem aéreos tecidos, outras peles, outras manhãs.
A relação promíscua entre vida e ficção verifica-se já na alusão ao mito bíblico do dilúvio. A “grande enchente de arrasar” (p. 24) é aproximada da intempérie narrada no “Antigo Testamento” através de três signos presentes em sua descrição: a terra transformada em mar, as águas tratadas como antepassadas e a presença do “Espírito Solto” que remete ao Espírito Santo através da sonoridade e das iniciais ES em maiúscula, uma das imagens de Deus na cultura cristã. Sua presença acima da catástrofe sugere as cheias como obra do criador. O Espírito também pode ser interpretado como a alma atribuída ao homem - a marca de Deus no ser criado à sua imagem e semelhança - e que teria se desgarrado de sua consistência carnal quando ele se encantou por mulheres, tornando-se por isso malicioso, corrompido, iníquo, perverso[16].
Além dessas sugestões as iniciais em caixa alta trazem à cena a pomba - uma das iconografias do Espírito Santo, que compõe a tríade divina cristão - e que neste caso é apenas um simples pássaro como o que anunciou a Noé o escoamento das águas e o reaparecimento da terra antes encoberta.
O mito trazido ao conto sofre uma reversão, procedimento com o qual já nos deparamos em “Desenredo” onde o protagonista Jó Joaquim é insuflado de vida pelo aparecimento de Vilíria que desperta sua pulsão erótica, situada no lugar da alma. Esse personagem também age com a paciência semelhante a de seu homônimo bíblico Jó, porém não para louvar a Deus e sim visando manter a relação com essa mulher que se torna seu objeto de desejo, de modo a permitir a vazão de sua pulsão erótica.
Para melhor observarmos esse movimento é necessário observar em “Azo de Almirante” o texto que trata da enchente e, a seguir, rememorar a versão bíblica do dilúvio: “Na cheia, por chuvas e trombas, desespera-se o povo, à estraga, em meio ao de repente mar - as águas antepassadas - por cima o Espírito Solto.” (p. 24)
Conforme a lenda bíblica, Deus precipitou as águas para cobrir toda a terra de forma a banir de sua face o homem, moldado por ele próprio. Agiu assim por ter se decepcionado com sua invenção quando percebeu que a força dos desejos de sua constituição carnal preponderou sobre sua alma, de origem divina. Em decorrência, a malícia e o pensamento aplicados ao mal abafaram a alma ou forçaram-na a se desgarrar do corpo. Deus resolve então “dar cabo de toda a carne” (BÍBLIA, 1962, v. 1, p. 8). Porém, ambiguamente, preserva a espécie humana e as dos diversos animais através de Noé, a quem orienta sobre a confecção de uma arca e quanto a sua tripulação e abastecimento. Noé, após longa reclusão na embarcação, fica sabendo da vazão das águas pela pomba que solta e que volta com um ramo de oliveira.
aaa
E nosso Hetério nesse contexto?
aaa
O tempo de seu heroísmo, quando reverte sua inapetência com a vida, ocorre em “fatal ano da graça” (p. 24). A enchente acha-se associada à fatalidade, ao desespero do povo, à enxurrada que arrasta e estraga e que levou os corpos da mulher e das filhas de Hetério. Por outro lado, a inundação é relacionada à “graça” (p. 24)[17], a um “benefício,[...] Dom ou virtude especial concedido por Deus como meio de santificação ou salvação [...], milagre.” (FERREIRA, 1986, p. 860) O surpreendente êxito de Hetério, por sua vez, é associado a um gênio que é comparado a um punhal do qual não se vê o cabo, ou seja, a uma pura lâmina[18], que “ofende ou fere gravemente” (FERREIRA, 1986, p.1418), realizando uma incisão.
Graça e punhal sem cabo[19] remete-nos às considerações de Rosa em “Aletria e Hermenêutica” quando qualifica de anedota de abstração toda piada que “escancha os planos da lógica, propondo-nos realidade superior e dimensões para mágicos novos sistemas de pensamento.” (p. 3) Fora das estreitas conexões lógicas de causa e efeito, das rigorosas delimitações dos continentes e das verdades.
Assim, deparamo-nos com Hetério apunhalado, arrombado pela morte de sua esposa e filhas, saindo da apatia e afirmando sua existência vogando numa canoa o fluxo de vida e morte, das pulsões. Essa interpretação é reforçada quando consideramos a segunda acepção do verbete “gênio” no Aurélio. Esta palavra significa “Espírito inspirador ou tutelar das artes, paixões, virtudes ou vícios.” (FERREIRA, 1986, p. 845) O ambivalente Espírito que funde virtudes e vícios aproxima-nos dos mecanismos de constituição do ego e do superego e da relação que estabelecem entre si e com o id. Em “O Ego e o id” Freud nos fala dessas instâncias que se comunicam e se confundem nas áreas de interseção. Segundo esse artigo, uma parte do id, o reservatório das energias pulsionais, é modificada devido à influência direta do mundo externo através do sistema perceptivo consciente. Essa área, denominada ego, “procura aplicar a influência do mundo externo ao id e às tendências deste, e esforça-se por substituir o princípio de prazer que reina irrestritamente no id, pelo princípio de realidade [...]. O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões.” (FREUD, 1976, v. XIX p. 38)
O ego, por sua vez, buscando dominar o complexo de Édipo, modifica uma sua parte e erige o “ideal de ego”, que tenta dominar o próprio ego sob a forma de consciência ou de sentimento de culpa[20]. Por ser o ideal de ego uma herança do complexo de Édipo, ele expressa as pulsões mais poderosas e as “mais importantes vicissitudes libidinais do id.” (FREUD, 1976, v. XIX p. 51) Considerando a escala social ou ética de valores ocidentais, o ideal de ego localiza uma ambigüidade na medida em que ao mesmo tempo expressa “as paixões inferiores” [21] e “responde a tudo o que é esperado da mais alta natureza do homem [pois, como] um substituto do anseio pelo pai, ele contém o germe do qual todas as religiões evolveram. O autojulgamento que declara que o ego não alcança seu ideal produz o sentimento religioso de humildade a que o crente apela em seu anseio.” (FREUD, 1976, v. XIX, p. 51-52)
A paixão no lugar da falta de hálito e de bafo da vida familiar anterior coabita com a virtude heróica de Hetério. Esses dois lados de uma mesma moeda surgem na inversão do mito de Noé. Ao contrário do personagem bíblico, Hetério não salva nem a mulher nem as filhas. Ele dirige a atividade de resgate aos demais habitantes. A enchente aguça sua pulsão de vida que está relacionada com a sua qualidade de velhaco[22], com a carne.
Voltemo-nos agora para as atuações de barqueiro desdobradas por Hetério, sobretudo para os rituais da vida com que entra em contato em cada modalidade de serviços prestados como canoeiro.
Sua primeira atividade profissional como barqueiro está voltada a reunir os trechos separados de uma movimentada estrada devido ao desmoronamento da ponte Fôa. Nessa situação é dito que transportou gente e carga, cortejos de noivos sob baldaquim, “enterros, bispo em pastoral, troços de soldados.” (p. 25), ou seja, rituais solenes de vida - “cortejo de noivos” -, de morte - “enterro” -, de esperança - “bispo em pastoral” - e de instabilidade - “troços de soldados”.
Hetério detinha um comando reconhecido pelos tripulantes da frota que conduzia substituindo a ligação da ponte Fôa. Sua canoa é anunciada de uma maneira que vai ganhando tamanho e agressividade, sugerindo uma encenação de atividades de caça e de pirataria: “na maior, canoa barcaçosa, a caravela com caveiras.” (p. 25)
A sonoridade do nome “Hetério” nos induz a pensar em etéreo, sublime, puro, elevado. Porém, ortograficamente pode ser traduzido como a tendência (-io)[23] de reunir (-io)[24] os diferentes (hetero-)[25], indicando uma atividade de ligação que remete à propensão de reunião de Eros[26], manifestada através do princípio de prazer. Esse raciocínio é reforçado quando nos damos conta de que Fôa é versão feminina de Fô, o nome chinês de Buda[27], o que nos aproxima do princípio de Nirvana[28], a expressão da pulsão de morte. Nosso barqueiro re/une o caminho que se interrompeu com o ruir da ponte, restaurando a ligação no lugar onde se instaurou um precipício.
Interessante a reversão de Buda para o feminino. Se pensarmos nos outros dois contos analisados, a aparição de alguma mulher coloca em movimento e em perigo os protagonistas em busca da realização de suas pulsões eróticas. Fôa, assim, conteria ao mesmo tempo as pulsões de morte e vida, bem como Hetério ao mesmo tempo age como Eros em sua atividade de reunião e encena, na caça e na pirataria, sua pulsão de morte que desta forma funcionalmente se funde com a de vida[29]: o que é caro, a vida, é velado com a morte (“a cara/vela com caveiras”). Ousando um pouco mais, podemos associar vela com falo, um ícone da pulsão erótica, como em “Desenredo”.
Quando a ponte é refeita Hetério passa a transportar a miséria humana[30] em busca de milagres junto a uma mulher que se julga capaz de realizá-los. Ele conduz a fragilidade da vida em suas fronteiras com a morte em direção à esperança de sua prorrogação.
Sua terceira atividade irrompe no prático mundo dos negócios, dos lucros e das contas. Atividade marcada pela cabotagem dinâmica, o comércio com os ribeirinhos. Sintomática é a descrição do movimento da navegação nos rios a montante e a jusante: “Sobe e descendo.” (p. 25). O verbo no gerúndio indica a continuidade da ação descendente ainda quando se navega rio acima, predispondo-nos a pensar num estágio onde o princípio de Nirvana ganha influência. Os pontos de parada e negócios citados são sugestivos: os portos de Santo Hipólito e das-galinhas nos rios Traíras e das Velhas, “lugares de negócios” (p. 25).
Hipólito é o nome do filho do primeiro casamento de Teseu, cuja estória é relatada pela mitologia grega. Segundo a lenda, sua madrasta, por ele apaixonada, porém não correspondida, vinga-se o acusando de ter atentado contra sua honra. Teseu reage à denúncia invocando a ira de Posêidon contra o filho, que perece tragado pela fúria das ondas do mar.
“Galinha”, por sua vez, tanto prolifera o sentido figurativo de mulher e homem volúveis e que se entregam com facilidade à atividade sexual, como também indica uma pessoa fraca, covarde ou medrosa[31], acepção que se aproxima de Traíras do verbo trair, “Enganar por traição [...], Ser infiel a [...], Abandonar traiçoeiramente, [...] Não cumprir, [...] Descobrir involuntariamente aquilo que se queria ou se devia ocultar, [...] Manifestar-se [...] (FERREIRA, 1986, p. 1697). Esses nomes amalgamam uma situação de enfraquecimento, envelhecimento, de traição e/ou descoberta daquilo que devia ficar oculto[32] e prenunciam a morte de Hetério em meio às águas. O vigor de nosso circunstancial herói, comandando a barcaçosa e dirigindo sua agressividade para o bom andamento de sua profissão, vai esmaecendo e deixando caminho aberto para a desfusão pulsional, para a atuação independente da pulsão de morte.
A cena de seu último desdobramento profissional, quando firma contrato de trabalho por empreitada com o governo, é a de um “remanso de imenso lago” produzido “por barragem para enorme usina”, uma paisagem que tomava mais luz, “fazia-se mais espelho - a represa, lisa - que não retinha, contudo, corpos de afogadas.” (p. 26) Em termos econômico trata-se de um retorno à calmaria (“re/manso”) da vida anterior à inundação diluviana, espelho revolvendo os corpos de sua mulher e de suas filhas, trazendo à tona o familiar estranhado, aquilo que se ocultou. E é neste “oferecido tempo, [que] encontrou Normão, homem apaixonado na maior imaginação. [...] Normão, propício [...]” (26). Assim temos a grande norma (“Normão”) favorável (“propício”) ao precipício (pró/(preci)pício), insurgindo no tempo “apresentado ou proposto para ser aceito” (FERREIRA, 1986, p. 1215) (“oferecido”).
Normão surge no exato tempo do enfraquecimento de Hetério, de sua vivência do retorno da recalcada morte que não se esconde no grande lago que deteve o fluxo do rio. Normão chega como um divisor de águas: ele anuncia uma desfusão pulsional. No evento do resgate Eros e Tanatos dissociam-se nos corpos de Normão e Hetério. Ele é o apaixonado e imaginativo Eros em busca da reunião com sua mulher. É também a grande norma a serviço do “esforço mais fundamental de toda a substância viva: o retorno à quiescência do mundo inorgânico” (FREUD, 1976, v. XVIII, p.83) após o organismo ter seguido “seu próprio caminho para a morte, e [... ter afastado] todos os modos possíveis de retornar à existência inorgânica que não sejam os imanentes ao próprio organismo.” (Idem. P. 57)
A morte de Hetério, decorrente de ferimento em corpo e na barca, se dá no oferecido tempo de sua velhice. O ciclo de sua existência se foi completando nos anos transcorridos na calmaria espelhada até a conclusão da usina, tempo de afastamento de um dos seus filhos para namorar e casar. O resgate da mulher de Normão substitui o outro que negligenciou no passado.
Retomemos à cena inicial do conto, referente ao final da estória cronológica de Hetério quando assume o comando da operação de resgate da mulher de Normão, refém do próprio pai na Fazenda-do-Calcanhar, o ponto fraco do valoroso Aquiles[33], herói da guerra de Tróia, morto pelo veneno de uma seta disparada por Páris e que lhe atingiu o calcanhar.
Vejamos o relato dos últimos acontecimentos:
Assim ao de longe, contra raso sol, viu-se a fila de canoas, reta rápida, remadas no brilhar, com homens com armas, de Normão, que rumava a rixa e fogo. Hetério comandava-as, definitivo severamente decerto, sua figura apropriada, vogavante.

Certo, soube-se.

Aproaram aos fundos da do-Calcanhar, numa gamboa, e atacaram, de faca em polpa. Troou, curto, o tiroteio. Normão, vencedor, raptada em paz a mulher, no ribanceiro acendeu fogueira de festa. As canoas todas entanto se perderam. Só na sua, Hetério continuou, a esporte de ir, rio abaixo, popeiro proezista, de levada, estava ferido, não a conduzia de por si, vogavagante; e seu outro filho na briga terminara, baleado.

Adiante, no travessão do fervor, itaipava perigosa, a canoa fez rombo. Ainda ele mesmo virou-a então, de cabeça para baixo, num completamento. Safo, escafedeu-se de espumas, braceante, alcançou o brejo da beira, onde atolado se aquietou. Acharam-no - risonho morto, muito velho, velhaco - a qualidade da sua pessoa. (p. 26)
O primeiro parágrafo deste trecho do conto soma-se ao do início da estória. Trata da viagem rumo ao assalto à Fazenda-do-Calcanhar sob a definitiva e severa regência do “vogavante” (p. 26) Hetério. Deslocamento descrito como uma “reta rápida” (p. 26) no “rio brilhando que qual enxada nova, destacavam-se as cabeças no resplandecer” (p. 24), onde a agressividade da ação é indicada na associação do brilho à enxada e das cabeças que rolam, destacando-se do corpo.
O terceiro parágrafo, após o “Certo, soube-se”, descreve a rápida luta a facadas e tiros, o resgate da noiva de Normão, a comemoração com fogueira de festa e a perda das canoas, com exceção da de Hetério, que não fica para as comemorações, preferindo seguir “no esporte de ir, rio abaixo”, ferido e conduzido pela correnteza na canoa que não mais governa, que “voga/vagante”. Com os filhos encaminhados, um casado e outro morto[34], seu esporte não mais é ir rio abaixo rio acima, mas só a jusante, como que em sintonia com o princípio de Nirvana.
Ao seu corpo ferido soma-se o arrombamento de sua barca, que lhe permitiu desdobrar a vida, prorrogá-la, repetindo na diferença a atividade de canoeiro. Atentemos para o momento de ruptura desse duplo de sua estrutura de carne e osso, a canoa.
Ela é arrombada na perigosa itaipava do travessão do Fervor.
Itaipava é um “recife de pedra que atravessa um rio de margem a margem, causando o desnivelamento da corrente” (FERREIRA, 1986, p. 974). Travessão, por sua vez, tanto é uma itaipava, porém dividida “em várias seções, formando canais mais ou menos profundos, por onde passam as canoas”, como também é um sinal de pontuação (-) empregado na escrita para separar as frases; um traço perpendicular à pauta, e que a atravessa, servindo para separar os compassos; ou muito travesso”[35]. Se adicionarmos a esses significados os da palavra “fervor” - ardor, energia, entusiasmo, paixão, desejo veemente de conseguir algo, dedicação, atividade, ímpeto e violência[36], temos a cena da canoa se rompendo na itaipava, o que determina uma reversão do fluxo da água, da escritura, do compasso. Esse travessão do fervor permite a irrupção violenta da paixão, do sentimento em alto grau sobrepondo-se à razão[37], do vício dominador, do retorno ao inorgânico, como podemos observar nas frases que se seguem:

Adiante, no travessão do Fervor, itaipava perigosa, a canoa fez rombo. Ainda ele mesmo virou-a então, de boca para baixo, num completamento. Safo, escafedeu-se de espumas, braceante, alcançou o brejo da beira, onde atolado se aquietou. Acharam-no - risonho morto, muito velho, velhaco - a qualidade de sua pessoa. (p. 26)

Elas descrevem um Hetério gasto e usado que se desembaraça[38], se esgueira de espumas, agitando os braços e se aquietando atolado no brejo da beira morto e risonho, de volta às margens da vida: a morte, seu “completamento” (p. 26), seu objetivo no certo tempo.
aaa
Notas
[1] Confira “o sol a tombar” (24), segundo o Aurélio este vocábulo procede de uma onomatopéia do ruído de um objeto que cai (tumb). (FERREIRA, 1986, p. 1687)
[2] 1º, 10º, 15º, 17º e 18º parágrafos.
[3] Confira: “Fora um homem de família, merecedor de silêncio” [Grifo nosso] (ROSA, 1979, p. 24)
[4] A partir dessa referência bibliográfica, todas as demais relacionadas a Terceiras estórias de Guimarães Rosa serão apenas indicadas pela página.
[5] Conferir os verbetes “hálito” e “bafo” In. FERREIRA, 1986, p. 881 e 218.
[6] Conferir página 25 “[...] a lembrança da enchente e de sua ocasião de herói [...]”.
[7] Conferir o sexto significado do vocábulo “hálito” no Aurélio: “Poét. Viração, aragem.” (FERREIRA, 1986, p. 881)
[8] Conferir o verbete de “bafo” In FERREIRA, 1986, p. 218.
[9] Conferir o verbete “viração” In. FERREIRA, 1986, p. 1780, e o vocábulo “caso”, uma das acepções do vocábulo “viração” conforme o Aurélio In. FERREIRA, 1986, p. 364.
[10] Conferir verbete “fastio” “Falta de apetite. [...] Repugnância, aversão. [...] Tédio, aborrecimento” (FERREIRA, 1986, p.761).
[11] Segundo Laplanche e Pontalis, Freud qualifica a energia pulsional como viscosa, evocando “a representação da libido como corrente líquida” ao analisar a mobilidade de seus investimentos, variável de indivíduo para indivíduo, o que explica “a maior ou menor capacidade da libido para se fixar num objeto ou numa fase e a sua maior ou menor dificuldade em alterar os seus investimentos depois de obtidos.” [Grifos nossos] (Laplanche e Pontalis, 1967, p.685) A qualidade inversa da viscosidade seria a “plasticidade”, relacionada à maior facilidade para mudar de objeto e de modo de satisfação. Ainda segundo Laplanche e Pontalis, a metáfora do líquido mais uma vez é utilizada por Freud, conforme indica na citação que segue: “As pulsões sexuais ‘... podem substituir-se reciprocamente, uma pode assumir a intensidade das outras; quando a realidade recusa a satisfação de uma, podemos encontrar uma compensação na satisfação de outra. Elas representam como que uma rede de canais cheios de líquido e comunicantes [...]”. [Grifos nossos] (Laplanche e Pontalis, 1967, p.436)
[12] O movimento de variação do caráter de Hetério é indicado na frase que fala de seu comportamento após ter sabido da morte de sua mulher e de suas filhas: “Não se pareceu mais com ninguém, aquela novidade de caráter.” [grifo nosso] (p. 24)
[13] Confira a descrição da embarcação de Hetério na primeira atividade que desenvolve na profissão de canoeiro: “Obedeciam os outros a Hetério - o em posição personificada - o na maior, canoa barcaçosa, a caravela com caveiras.” (p. 25). Podemos ler “a cara vela com caveiras”. Voltarei no texto a esse assunto.
[14] “Acharam-no - risonho morto, muito velho, velhaco - a qualidade de sua pessoa”. (p. 26)
[15] Tecendo a Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã,toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(34 LETRAS. João Cabral de Melo Neto. Rio de Janeiro: 34 Literatura, n° 3, mar. 1989, p. 13)
[16] Confira na Gênesis os motivos que levaram Deus a se arrepender de ter criado o homem e a optar por exterminá-lo afogando-o em um dilúvio: “2 Vendo os filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas, tomaram por suas mulheres as que dentre elas lhes agradavam mais.3 E Deus disse: O meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque é carne; e serão seus dias cento e vinte anos. [...]13 Disse a Noé: Eu resolvi dar cabo de toda a carne. A terra está cheia de iniqüidades, que os homens têm nela cometido, e eu os farei perecer com a terra.” (BÍBLIA, 1962, v. 1, p. 8)
[17] Conferir: “Em fatal ano da graça, Hetério sobressaíra, a grande enchente de arrasar no começo de seus caminhos.” (p. 24)
[18] Conferir: “O gênio é punhal de que não se vê o cabo.” (p. 24)
[19] Trabalhando a proximidade do não-senso das piadas de abstração com o pensamento de filósofos, Rosa, no prefácio “Aletria e Hermenêutica”, cita a definição por extração do nada “- ‘O nada é uma faca sem lâmina, da qual se tirou o cabo...’” (p. 5) e a remete ao “argumento de Bergson contra a idéia do ‘nada absoluto’: “... porque a idéia do objeto ‘não existindo’ é necessariamente a idéia do objeto ‘existindo’, acrescida da representação de uma exclusão desse objeto pela realidade atual tomada em bloco.’ Trocado em miúdo: esse ‘nada’ seria apenas um ex-nada, produzido por uma ex-faca.” (p. 5)
[20] Conferir FREUD, 1976, v. XIX p. 40.
[21] Conferir em “O Ego e o id” quando Freud se refere aos processos que se desenvolvem de forma inconsciente ou consciente em nosso aparelho psíquico e os remete à escala social e ética de valores. (FREUD, 1976, v. XIX, p. 40).
[22] Conferir: “Acharam-no - risonho morto, muito velho, velhaco - a qualidade de sua pessoa.” (p. 26)
[23] Conferir Aurélio s-io2. Suf. nom. = ‘ação’; ‘referência’; ‘modo de ser’, ‘tendência’; ‘aproximação’ [...] (FERREIRA, 1986, p. 966)
[24] Conferir Aurélio s-io1. Suf. nom. = ‘coleção’; ‘reunião’[...] (FERREIRA, 1986, p. 966)
[25] Conferir Aurélio o elemento de composição heter(o)- significa “‘outro’, ‘diferente’[...]’” In. FERREIRA, 1986, p. 890.
[26] Em “Além do princípio do prazer” diz Freud: a libido das pulsões sexuais “coincidiria com Eros dos poetas e dos filósofos, o qual mantém unidas todas as coisas vivas.” (FREUD, 1976, v. XVIII, p. 70); e mais à frente, na página 72, reconhece a pulsão sexual “como Eros, o conservador de todas as coisas”.
[27] Confira verbete Fô na página 1216 do Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Seleções, 1979.
[28] Confira em “Além do Princípio do prazer”: “A tendência dominante da vida mental e, talvez, da vida nervosa em geral, é o esforço para reduzir, para manter constante ou para remover a tensão interna devido aos estímulos (o ‘Princípio de Nirvana’, para tomar de empréstimo uma expressão de Barbara Low [1920, 73]) [...]” (FREUD, 1976, v. XVIII, p. 76). Segundo consta no Vocabulário de Psicanálise “O termo ‘Nirvana’, difundido no Ocidente por Schopenhauer, é tirado da religião budista, onde designa a ‘extinção’ do desejo humano, o aniquilamento da individualidade que se funde na alma colectiva, um estado de quietude e de felicidade perfeita.” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1967, p. 465)
[29] No capítulo IV de “O Ego e o Id” Freud pressupõe que as pulsões de vida e de morte realizam fusões, misturam-se, ligam-se entre si, o que viabiliza a ele conceber que nos organismos multicelulares as pulsões de vida e de morte estariam ativas em cada partícula da substância viva, possibilitando a neutralização da pulsão de morte da célula isolada dos organismos unicelulares, bem como o desvio das pulsões destrutivas para o mundo externo, mediante o auxílio do aparelho muscular. Afirma Freud: “Percebemos que, para fins de descarga, o instinto de destruição é habitualmente colocado a serviço de Eros”, o que constitui uma fusão pulsional útil. (FREUD, 1976, v. XIX, p. 57)
[30] “aleijados, cegos, doentes de toda loucura e lepra, o rico triste e o próximo precisado.” (p. 25)
[31] Conferir verbete “galinha” In. FERREIRA, 1986, p. 830.
[32] Esse retorno do recalcado remete-nos ao texto freudiano Das Unheimliche. Segundo Freud, no narcisismo primário o ego se duplica para se sentir seguro e indestrutível, como um recurso para negar a morte. Superada essa etapa o “duplo” inverte seu aspecto passando a ser um estranho anunciador da morte. Diz ele que, se “todo afeto pertencente a um impulso emocional [...] transforma-se em reprimido, em ansiedade, então, entre os exemplos de coisas assustadoras, deve haver uma categoria em que o elemento que amedronta pode mostrar-se ser algo reprimido que retorna. Essa categoria de coisas assustadoras constituiria então o estranho; e deve ser indiferente a questão de saber se o que é estranho era, em si, originalmente assustador ou se trazia algum outro afeto.” (FREUD, 1976, v. XVII, p. 300) O estranho não é algo proveniente do exterior, ao contrário, é algo familiar que foi há muito estabelecido na mente, somente tendo dela se alienado através do processo de repressão.
[33] Segundo a mitologia grega Tétis, a mãe de Aquiles, mergulhara-o “quando criança, no Rio Estige, que o tornara invulnerável, exceto no calcanhar por onde sua mãe o segurava.” (BULFINCH, 1999, p. 272)
[34] Assim podemos ler o “na briga terminara, baleado” (p. 26).
[35] Conferir o verbete “travessão” In. FERREIRA, 1986, p. 1707.
[36] Conferir verbete “fervor” In. FERREIRA, 1986, p.772.
[37] Conferir verbete “paixão” In. FERREIRA, 1986, p. 1248.
[38] Conferir verbete “safo” In. FERREIRA, 1986, p. 1535.

Nenhum comentário:

Postar um comentário